Humans of Cycling com Naima Diesner
Humans of Cycling com Naima Diesner

2021-09-30

Humans of Cycling com Naima Diesner

A rubrica Humans of Cycling tem como objetivo contar a história dos apaixonados por ciclismo

De entusiastas de bicicleta para entusiastas de bicicleta: queremos mostrar os bastidores dos seus melhores momentos, dos sacrifícios e da vida quotidiana.


Hoje temos a Naima Madlen, atleta alemã que irá partilhar um pouco da sua história connosco.


Como é que começou a jornada no ciclismo?

Para mim o ciclismo era apenas uma forma de transporte, para passear, ou ir até à universidade. Eu estava sempre a praticar desporto… Fiz ballet durante alguns anos, ténis, basquetebol, mas não estava por dentro dos desportos de resistência. Eu tinha um amigo que dizia “tens um estilo bastante desportivo. Fazes muito desporto. Porque não arranjas uma bicicleta de montanha e experimentas?” e eu fiquei do género “Sim, boa questão. Devia arranjar uma bicicleta de montanha”. Então, no verão, comprei uma bicicleta de montanha. Estava um tempo ótimo, a floresta estava verde, e é divertido explorar estes locais. Depois inscrevi-me numa corrida por etapas nos Alpes. O percurso era desde a Alemanha, passando pela Áustria, Suíça e Itália. Era uma corrida de 8 dias… Eu inscrevi-me por diversão… Não sabia no que me estava a meter. Tive 4/5 semanas de preparação, mas não o fiz corretamente. E, claro, foi muito difícil, mas também foi muito divertido. Toda a gente dizia que quando chegasse à meta, nunca mais iria praticar ciclismo. No entanto, quando cheguei à meta pensei “Definitivamente, quero fazer isto outra vez!” e foi assim que começou a minha jornada.


E preferes competição ou um passeio tranquilo?

Eu acho que é bom haver uma mistura. Já fiz muita competição e gosto bastante de me propor objetivos e perceber como os posso alcançar… A competição é sempre stressante porque queremos sair-nos bem. Exige uma grande preparação, desde o treino, apoios e, claro, equipamento. É por isso que é importante saber onde é que iremos arranjar tudo. Eu gosto realmente de ambos. Como já disse, é incrível explorar o local em que vivemos, ou o local onde passamos férias. Quando vou a algum lado, tento sempre levar a minha bicicleta comigo, para conhecer a área. Mas também gosto de combinar isso com corrida. Eu vou a alguns países, como é o caso de Portugal, e, infelizmente, só estive cá para corridas. Esta é a minha segunda vez cá e é ótimo, mas nem sempre consigo aproveitar genuinamente a vista enquanto estou em competição.


Qual é a tua memória favorita?

Eu acho que é sempre bom criar memórias com pessoas que gostamos, portanto, o divertido no BTT é que quem o pratica tem a mesma dose de loucura. Conhecemos imensas pessoas, a toda a hora…. Ao vir para cá, fiquei em casa de uma amiga, em Madrid, que conheci em competições. Ela abriu as portas de sua casa para que eu pudesse descansar antes de viajar para o Porto. É incrível ter esta combinação de pessoas e atmosfera, mas também é bom criar memórias com pessoas próximas. Há alguns anos, eu era apenas amadora, não tinha licença, e fiz uma corrida nacional de cross-country. O meu pai, que não liga nada a desporto e apenas acha ótimo que eu esteja bem e que me esforce, estava comigo. Participei na corrida e ganhei. Ele estava feliz por eu ter chegado à meta inteira, uma vez que eu tinha tido uma queda desastrosa mesmo em frente a ele. Para mim foi ótimo celebrar com o meu pai, e essa é uma das minhas memórias favoritas. Este ano foi muito bom para mim, fui a alguns sítios incríveis e fiz boas corridas. Não criei expectativas, portanto surpreendi-me bastante.


E a pior memória?

Não há realmente uma memória má. Posso sempre dizer que é a de um acidente… Quando comecei no ciclismo, tive um acidente numa corrida na minha terra e parti a clavícula. Não foi nada divertido. Sempre que passo pelo sítio onde aconteceu penso “Ok, tem cuidado neste sítio, não repitas”. Já ultrapassei, mas não é uma memória boa. Eu acho que a maioria dos ciclistas partiu a clavícula em algum momento…. Pelo menos, em princípio, foi a primeira e última vez!


Qual foi a melhor coisa que aprendeste ao andar de bicicleta?

Para mim, andar de bicicleta, é o equilíbrio perfeito que necessito. Eu tenho um trabalho normal, e é muito bom poder esquecer todo o stress que por vezes se instala…. Poder saltar para a bicicleta e esquecer. Às vezes treino com música, mas a maior parte do tempo, especialmente em BTT, eu adoro ter a natureza à minha volta e ouvir os pássaros, o vento por entre as árvores. É sempre relaxante, quer esteja apenas a passear ou a treinar. Traz-me sempre de volta pronta para enfrentar qualquer desafio que a vida me proponha. Adoro isso.


Disseste que tens um trabalho normal. Como é que lidas com o trabalho, a família e o resto?

De vez em quando fica bastante stressante. Mas o mais importante é não stressar demasiado. Eu tenho um trabalho em que começo às 7h00, e só posso sair quando tudo estiver feito, e isso pode ser às 18h00 ou, se tiver sorte, às 16h00. Às vezes só quero ir para casa, desfrutar de um café e sentar-me. Eu tento sempre organizar-me, quer tenha um encontro com os meus amigos depois do trabalho, ou simplesmente, andar de bicicleta. Claro que é sempre um bónus quando tens amigos e família que te ajudam e em quem podes confiar.


Muito obrigado Naima pelo tempo connosco e por nos dares o gosto de partilhar a sua história com os nossos fãs do ciclismo


Este é o primeiro episódio do "Humans of Cycling". Tentaremos trazer uma história diferente todas as semanas. Queremos ligá-lo às histórias do atleta, aos sacrifícios, aos melhores momentos, e a tudo o que aprenderam na alucinante viagem que é o ciclismo. 


Fiquem atentos!


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